sábado, 19 de julho de 2008

Cuidados com a maquiagem!

Que atire o primeiro rímel a mulher que não tem no seu nécessaire um cosmético vencido. E isso, acredite, é um verdadeiro atentado à saúde
por Thais Szegö design Luciana Steckel fotos Eduardo Svezia

A data de validade estampada no rótulo do cosmético indica que já passou da hora de jogá-lo no lixo, sem dó nem piedade. Mas você passa por cima disso. Ou por nem sequer notar que o prazo já se foi ou por puro descaso mesmo — diz a si mesma, diante do espelho, que aquela sombra custou os olhos da cara, que a cor do batom vencido é linda e que ainda resta quase metade daquela base. Errado, erradíssimo.
Uma pesquisa realizada por especialistas do Colégio de Optometristas da Grã-Bretanha com 2,5 mil britânicas acima de 16 anos constatou que nove entre dez mulheres usam maquiagem fora da validade. E nesse ponto — que feio! — os especialistas daqui acham que as brasileiras não são nada diferentes das inglesas.
O (mau) costume é arriscado. “O contato do produto com ar, pele e mucosas favorece sua contaminação por bactérias e fungos”, alerta a dermatologista Dóris Hexsel, de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. “É por isso que todas as fórmulas contêm substâncias conservantes”, justifica o farmacêutico e especialista em tecnologia de cosméticos Emiro Khury, da Associação Brasileira de Cosmetologia. “Mas a quantidade desses ingredientes só garante a integridade do produto até um certo limite de tempo.” Ou seja, depois disso o caminho está livre para os microorganismos fazerem a festa no batom, no rímel, na base. “O resultado são alergias e infecções, como o sapinho e a conjuntivite”, alerta a dermatologista Patrícia Rittes, de São Paulo. “Se houver lesão na pele, como uma espinha, o problema provocado por um cosmético vencido pode ser ainda mais grave.”
Não apenas o desrespeito à data-limite impressa na embalagem pode ser prejudicial. O uso inadequado do produto também. Um levantamento do Instituto Penido Burnier, hospital especializado em doenças oculares que fi ca em Campinas, no interior de São Paulo, revela que 15% das pacientes tiveram encrencas como olho seco, coceira e lacrimejamento provocadas justamente por produtos de beleza que, embora dentro do prazo de validade, foram usados de forma inadequada. É o caso do lápis aplicado repetidamente dentro da pálpebra — um capricho que pode custar caro. “Isso altera o pH da lágrima e compromete sua função, que é proteger os olhos. E aí as infecções podem surgir com enorme facilidade”, conta o oftalmologista Leôncio Souza Queiroz Neto, que faz parte do corpo clínico da instituição.
Vai dizer, leitora, que você nunca cometeu o pecado de compartilhar o rímel, o batom ou o lápis com suas amigas? Vamos, confesse. Tanto os especialistas britânicos como seus colegas brasileiros já sabem dessa mania. Por aqui não há dados precisos, mas na Grã-Bretanha a pesquisa mostrou que mais de um terço das entrevistadas abaixo dos 24 anos usa produtos de beleza de amigas. E esse troca-troca facilita o trânsito dos microorganismos. “O herpes muitas vezes é transmitido pelo batom”, exemplifica Dóris Hexsel. E não pense que emprestar a maquiagem apenas para quem não apresenta feridas suspeitas na boca é mais seguro. “O vírus pode estar escondido sem apresentar sintomas”, alerta Emiro Khury. O rímel, por sua vez, pode carregar na escovinha o microorganismo que provoca a conjuntivite.
Na hora de remover o cosmético também é preciso ter cuidado. Use apenas produtos demaquilantes num pedaço de algodão, mas sem esfregar a pele. E nas pálpebras o cuidado deve ser redobrado. “Os movimentos têm que ser feitos de fora para dentro, em direção ao nariz”, ensina Leôncio Souza Queiroz Neto. “Do contrário, as impurezas penetram nos olhos”, ensina. E aí, outra vez, há o risco de acabar com aquele olhar bonito.
COSMÉTICO LONGA VIDA Os cuidados para que a sua maquiagem — ainda que dentro da validade — não seja contaminada
1. Tampe os produtos e deixe-os longe de locais úmidos ou muito quentes. Ou seja, nada de guardar maquiagem no banheiro.2. Se um produto não está mais com o estojo intacto, o lugar dele é no lixo.3. Evite guardar cosméticos soltos na bolsa. Pequenos choques podem quebrar a embalagem e abrir brechas para problemas.4. Evite o contato direto de qualquer cosmético com os olhos, sobretudo se você usa lentes de contato. Estas, aliás, devem ser colocadas antes da maquiagem.5. Em hipótese nenhuma durma maquiada. Isso acelera o envelhecimento e aumenta — e muito — os riscos de uma irritação.6. Só compre produtos de marcas confiáveis. E ponto.7. Ao primeiro sinal de desconforto, suspenda o uso — mesmo que tenha adquirido o cosmético no mesmo dia!8. Prefira produtos com proteção solar. Eles servem de escudo para a sua pele e são mais resistentes à degradação provocada pela luz.9. Em vez de aplicar o produto com os dedos, use uma pazinha ou esponja. Afinal, as unhas costumam esconder micróbios.10. Não molhe os pincéis das sombras para obter o efeito esfumado. A umidade facilita a proliferação de bactérias.11. Depois de usar pincel para aplicar o batom, limpe-o com lenço de papel.12. Lave pincéis e esponjas com sabonete líquido ou xampu uma vez por semana ou de 15 em 15 dias, mas deixe secar bem, de preferência sob o sol. “Se isso não for possível, é melhor usar apetrechos novos”, aconselha Emiro Khury. “E, enquanto se maquia, não os apóie em nenhuma superfície para não contaminá-los.”13. Observe alterações na aparência, na consistência e no cheiro. Se elas aparecerem, jogue fora mesmo que a maquiagem esteja na validade.14. Finalmente, prefira as maquiagens em pó, pois as cremosas se contaminam com mais facilidade.
PRODUÇÃO ALE RAVIZZA / MAKE ROBERTO FERNANDES / MODELO RENATA BONJESUS (L’EQUIPE AGENCE)
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A data de validade estampada no rótulo do cosmético indica que já passou da hora de jogá-lo no lixo, sem dó nem piedade. Mas você passa por cima disso. Ou por nem sequer notar que o prazo já se foi ou por puro descaso mesmo — diz a si mesma, diante do espelho, que aquela sombra custou os olhos da cara, que a cor do batom vencido é linda e que ainda resta quase metade daquela base. Errado, erradíssimo.
Uma pesquisa realizada por especialistas do Colégio de Optometristas da Grã-Bretanha com 2,5 mil britânicas acima de 16 anos constatou que nove entre dez mulheres usam maquiagem fora da validade. E nesse ponto — que feio! — os especialistas daqui acham que as brasileiras não são nada diferentes das inglesas.
O (mau) costume é arriscado. “O contato do produto com ar, pele e mucosas favorece sua contaminação por bactérias e fungos”, alerta a dermatologista Dóris Hexsel, de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. “É por isso que todas as fórmulas contêm substâncias conservantes”, justifica o farmacêutico e especialista em tecnologia de cosméticos Emiro Khury, da Associação Brasileira de Cosmetologia. “Mas a quantidade desses ingredientes só garante a integridade do produto até um certo limite de tempo.” Ou seja, depois disso o caminho está livre para os microorganismos fazerem a festa no batom, no rímel, na base. “O resultado são alergias e infecções, como o sapinho e a conjuntivite”, alerta a dermatologista Patrícia Rittes, de São Paulo. “Se houver lesão na pele, como uma espinha, o problema provocado por um cosmético vencido pode ser ainda mais grave.”
Não apenas o desrespeito à data-limite impressa na embalagem pode ser prejudicial. O uso inadequado do produto também. Um levantamento do Instituto Penido Burnier, hospital especializado em doenças oculares que fi ca em Campinas, no interior de São Paulo, revela que 15% das pacientes tiveram encrencas como olho seco, coceira e lacrimejamento provocadas justamente por produtos de beleza que, embora dentro do prazo de validade, foram usados de forma inadequada. É o caso do lápis aplicado repetidamente dentro da pálpebra — um capricho que pode custar caro. “Isso altera o pH da lágrima e compromete sua função, que é proteger os olhos. E aí as infecções podem surgir com enorme facilidade”, conta o oftalmologista Leôncio Souza Queiroz Neto, que faz parte do corpo clínico da instituição.
Vai dizer, leitora, que você nunca cometeu o pecado de compartilhar o rímel, o batom ou o lápis com suas amigas? Vamos, confesse. Tanto os especialistas britânicos como seus colegas brasileiros já sabem dessa mania. Por aqui não há dados precisos, mas na Grã-Bretanha a pesquisa mostrou que mais de um terço das entrevistadas abaixo dos 24 anos usa produtos de beleza de amigas. E esse troca-troca facilita o trânsito dos microorganismos. “O herpes muitas vezes é transmitido pelo batom”, exemplifica Dóris Hexsel. E não pense que emprestar a maquiagem apenas para quem não apresenta feridas suspeitas na boca é mais seguro. “O vírus pode estar escondido sem apresentar sintomas”, alerta Emiro Khury. O rímel, por sua vez, pode carregar na escovinha o microorganismo que provoca a conjuntivite.
Na hora de remover o cosmético também é preciso ter cuidado. Use apenas produtos demaquilantes num pedaço de algodão, mas sem esfregar a pele. E nas pálpebras o cuidado deve ser redobrado. “Os movimentos têm que ser feitos de fora para dentro, em direção ao nariz”, ensina Leôncio Souza Queiroz Neto. “Do contrário, as impurezas penetram nos olhos”, ensina. E aí, outra vez, há o risco de acabar com aquele olhar bonito.

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